O que é?
Uma lesão osteocondral do astrágalo é uma lesão da cartilagem articular e do osso subcondral da cúpula astragalina, normalmente resultante de trauma ou de microtraumas de repetição. Pode ocorrer isoladamente ou associada a entorses do tornozelo. É mais comum em adultos jovens ativos entre os 15–45 anos, do sexo masculino, e é mais frequente serem do lado medial e lateral da cupula. Podem-se classificar segundo Berndt and Harty (estadio de 1 a 4).
Como aparece?
Estas lesões pode ser:
- Traumática (mais comum)
- entorses em inversão → lesão lateral (superficial e aguda)
- entorses em dorsiflexão (compressão) e rotação → lesão medial (mais profundas e crónicas)
- fraturas osteocondrais associadas.
- Não traumática (menos comum)
- necrose avascular
- instabilidade crónica
- microtrauma repetitivo em atletas
Quais os sintomas?
Os principais sintomas variam conforme a gravidade da doença, mas geralmente incluem dor articular, derrame articular e/ou sensação de bloqueio ou instabilidade do tornozelo.
A dor geralmente é relatada como uma dor profunda, no interior da articulação, especialmente após carga ou esforço. Pode estar ainda associado edema, uma rigidez persistente e uma limitação funcional progressiva.
Como se faz o diagnóstico?
Ao exame objetivo podemos avaliar a limitação da mobilidade do tornozelo, se existe bloqueio articular ou a presença de corpos livres. Pode haver dor a palpação da região da lesão osteocondral, ou apenas à palpação da interlinha articular.
É necessário avaliar a presença de outras patologias concomitantes como pé plano, pé cavo, instabilidade crónica do tornozelo,...
O diagnóstico por imagem é baseado na ressonância magnética, que permite avaliar a cartilagem, ossos subcondral e o edema ósseo, assim como avalia a estabilidade da lesão e se existem outras lesões concomitantes, como ligamentares.
As lesões osteocondrais grau I e II podem passar despercebidas com as radiografias, mas são sempre necessárias para avaliar o alinhamento do tornozelo. A tomografia computorizada avalia melhor a morfologia do fragmento, o seu componente ósseo e os corpos livres.
Qual o tratamento?
O tratamento de uma lesão osteocondral do astrágalo depende da gravidade da lesão e da sua estabilidade.
Tratamento conservador
Em lesões estáveis, grau I e II, ou sem corpos livres, o tratamento é conservador. O tratamento é maioritariamente sintomático para diminuir a inflamação inicial, com repouso, gelo, elevação do membro e anti-inflamatórios. Se se tratar de uma lesão aguda, pode ser benéfico fazer uma imobilização (com tala gessada ou bota walker) por 3 a 6 semanas. Após a fase inicial inflamatória, a fisioterapia é essencial para restaurar a força, a mobilidade e a estabilidade do tornozelo. O fortalecimento dos músculos da perna e exercícios de propriocepção são fundamentais.
Tratamento Cirúrgico
Em lesões instáveis, grau III e IV ou na falha do tratamento conservador, o tratamento é cirúrgico. Consoante o tamanho da lesão, o tratamento pode passar por:
- desbridamento artroscópico e microfraturas e/ou matriz extracelular
- fixação do fragmento osteocondral
- transplante autólogo osteocondral (colheita periférica de cartilagem do bordo da lesão e colocado sobre enxerto de osso esponjoso que preenche a lesão)
- Técnicas de resgate como hemicap, artrodese ou artroplastia do tornozelo
Como é o pós operatório?
- Não pode realizar carga no membro operado por período de 4 semanas, ficando com tala gessada. Pode caminhar com o auxílio de canadianas.
- Primeiro penso pós-operatório na avaliação da 1ª consulta.
- Retira pontos na avaliação da 2ª consulta.
- Retira imobilização gessada as 2 semanas
- Inicia carga às 4 semanas até carga total às 6 semanas.
- Início da fisioterapia, após a retirada dos pontos, focando na restauração da amplitude de movimento, força e propriocepção.